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Carta 181Fevereiro 2020

Comentário do gestor

Prezados Coinvestidores,

A maior preocupação da economia global hoje é com o aumento do sur-to do coronavirus e o impacto que pode causar não só na economia da China, mas também na economia global.

Em 2003, quando a epidemia SARS atingiu a China, a participação do PIB Chinês no PIB Global, considerando a paridade do poder de compra, era de 8,7%. Agora é de mais de 19% e a China é a segunda maior economia do mundo.

No início de fevereiro houve um rá-pido crescimento no número de in-fectados na China, mas ao longo do mês, graças às agressivas medidas de quarentena tomadas pelo gover-no, o número de infectados diminuiu drasticamente. Por outro lado, no final do mês, o número de infecta-dos no resto do mundo começou a aumentar, especialmente com focos na Coréia do Sul, Itália e Irã, mas também em diversos outros países da Europa e com primeiros casos em mais de 50 países, como no Brasil.

O coronavirus é menos agressivo do que o SARS, MERS e Ebola, mas por ser de fácil contágio e pior do que o H1N1, ele preocupa as autoridades e exige medidas para controlar o sur-to, como fez a China.

Sabemos que no longo prazo o vírus será controlado, seja por medidas preventivas, seja pela descoberta de vacinas ou remédios, mas certamente no curto prazo ele terá um impac-to na economia mundial, como acon-teceu na economia chinesa em feve-reiro.

Para termos uma ideia do que acon-teceu na China, o número de carros vendidos na primeira quinzena de fevereiro teve queda de 90% em relação ao mesmo período do ano anterior e certamente todo setor de consumo foi impactado pela quaren-tena e pelo medo causado nas pes-soas.

Também a cadeia de suprimentos teve impacto na China e com respin-gos em economias que importam da China, na medida em que várias fá-bricas ficaram fechadas no período e que a economia hoje é mais globali-zada.

Se o mesmo acontecer em outras partes do mundo, no curto prazo teremos um impacto na economia mundial.

Ontem, 03/03/20, o Banco Central Americano cortou a taxa básica de juros em 0,5%, numa reunião extra-ordinária e em uma medida drástica, já prevendo o impacto na economia no curto prazo e na tentativa de dar apoio à economia.

Dissemos em nossa carta do mês passado:

“Certamente o Coronavirus vai afetar a economia chinesa (diversos voos cancelados, lojas vazias, pessoas em casa, medo de consumir, etc.), mas achamos que não levará a China a uma recessão, mas sim diminuir seu crescimento. O mundo também sofre-rá um pouco, mas de forma limitada. O maior impacto, em nossa opinião e por hora, é o psicológico, que não desprezamos.”

Reiteramos nossa visão de que o maior problema é o efeito psicológi-co do medo, e seu impacto na eco-nomia. Com o surto se espalhando pelo mundo o impacto será maior.

Conforme dissemos na Circular Ex-traordinária do dia 26/02, tomamos medidas de proteção, fazendo caixa nos fundos de ações enquanto o assunto for a principal manchete da mídia.

Em fevereiro caímos menos do que a média do mercado, e com a forte alta das ações da AES Tietê, que tí-nhamos em carteira, no primeiro pregão de março, praticamente ze-ramos a queda no ano, mesmo com o Ibovespa caindo perto de 8%. Ago-ra com bastante caixa (mais de 25% do patrimônio) vamos, com calma, aproveitar as oportunidades que estão surgindo de preços mais bai-xos.

A melhor hora para comprar ações é quando estão em liquidação. E todas as crises passam! Nosso objetivo é passar da melhor forma por elas, aproveitando as oportunidades que surgirem.

Muito obrigado pela confiança e por estarem juntos conosco!

Economia

Que tipo de pandemia é essa?

Impossível não abordar o assunto “coronavirus” e seus impactos econômicos nesse momento. Em especial porque os primeiros números negativos já aparecem. A inflação na China, que já vinha majorada por conta de problemas com a carne de porco, mostrou novo choque de preços em janeiro, em especial alimentos, por conta das restrições de deslocamento de produtos impostas na província de Hubei, o epicentro dessa crise. O segundo impacto está relacionado ao setor aéreo. Os voos partindo ou chegando em Wuhan (o aeroporto da capital de Hubei movimenta 24 milhões de passageiros por ano) foram totalmente cancelados durante vários dias a partir de meados de janeiro. Aquela frase “ninguém entra, ninguém sai”, foi seguida a risca. Outros aeroportos importantes, como Pequim (o principal aeroporto do país movimenta 100 milhões de passageiros por ano com 614 mil voos, e o segundo maior em Pequim movimenta 43 milhões e 266 mil voos), Xangai (são 74 milhões de passageiros por ano) e Guangzhou (70 milhões de passageiros/ano), também limitaram os voos para regiões críticas. E, mais recentemente, a medida também foi feita por companhias aéreas que operam voos de outros países para a China, o que deve impactar a atividade de todo o segmento relacionado com turismo mundial – hotéis, restaurantes, locação de veículos e, logicamente, empresas de aviação. Tudo se torna um pouco mais problemático pois a província de Hubei foi eleita pelo Governo como estratégica para o desenvolvimento da região central pela sua boa infraestrutura que viabilizou a criação de zonas de livre comércio além de incentivos para atrair indústrias. E Hubei se tornou importante, sediando 300 das 500 maiores empresas do mundo, integrando uma ampla cadeia produtiva no setor industrial e sendo um hub para toda a região central do país. Porém, essa integração é nacional e a província não tem as exportações como pilar de desenvolvimento como se vê nas demais regiões litorâneas. O PIB é de US$ 595 bilhões, colocando-a como a 7º mais rica do país, mas que cresce, desde 1995, a taxas anuais superiores a média da China. Sua pequena participação no PIB (4,3%), e na população (4,6%) total do país, não fornece a exata medida de contaminação econômica da paralização de fábricas. Nesse sentido, vale destacar que a crise do “coronavirus” naquela província teve dois efeitos indiretos importantes sobre outras províncias e também em outros países: i) a restrição de movimentação de pessoas, que tem o poder de derrubar o PIB de serviços da região e representar um forte ruído para o crescimento do ano; ii) a ligação na cadeia produtiva, considerada forte entre a região e outras províncias, exatamente porque Hubei se destaca na produção de aço, máquinas e equipamentos, veículos, têxtil e também produtos alimentares como arroz, algodão e trigo. A perda de riqueza do primeiro efeito não tem como recuperar no período pós crise. Quem deixou de viajar e consumir diárias em hotel, não vai agora consumir duas diárias para compensar a anterior. O mesmo irá se aplicar a diversas outras atividades e até no consumo de determinados itens de bebidas e alimentação. Por outro lado, o segundo efeito pode ser parcialmente compensado com a volta da produção. Muitos pedidos parados nas fábricas terão que ser produzidos e entregues, independente do cenário daqui a algumas semanas. Ainda não temos os números finais dessa interrupção, mas o PMI industrial e total – índice que mede com antecedência a atividade econômica, foi o pior desde a crise do subprime. E será natural vermos um repique forte de indicadores ligados a indústria nos meses que se seguirem a volta da normalidade. E mesmo que se tenha novos episódios de paralisação por alguns dias em determinadas regiões, a estimativa sobre o mercado de trabalho pode ser pequena. Não faz sentido uma empresa demitir todo o pessoal apenas por um período curto de tempo. Mas sim, podemos enxergar, mais a frente, ruídos pelo lado da demanda com uma menor massa de salários em circulação. O fato é que estamos diante dos dois choques: oferta concentrada no curto prazo e choque de demanda para médio prazo. A política fiscal não resolve o choque de oferta, mas quando as incertezas se dissiparem, as ações dos Governos com incentivos pelo lado da demanda, como já anunciado pela China e Japão, terão impactos positivos. O risco que temos é errar na mão e, com isso, potencializar desequilíbrios no médio e longo prazo. Tendo a acreditar que estamos diante muito mais de uma “Pandemia de notícias” do que uma “Pandemia econômica”.

Vokin GBV Aconcágua

Comentários dos Gestores

Em fevereiro o Vokin GBV Aconcágua fechou com resultado de -5,08%, enquanto o Ibovespa fechou com -8,43%.

No segundo mês do ano, o assunto que dominou o noticiário econômico, conforme previmos em nossa última carta, foi o Coronavírus (COVID- 19). Também escrevemos que “a ação rápida da China, com diversas medidas, parece ter contribuído para que nos últimos dias de janeiro o crescimento das conta-minações já se desse a taxas decrescentes”. O que não imagi-návamos, e que nos levou a tomar algumas medidas para pro-teger o fundo contra uma queda, foi o aumento do número de casos fora da China.

Em fevereiro os casos totais no mundo passaram de 12 mil para 86 mil, ainda com a maior parte sendo na China e influen-ciados por um aumento no dia 13/02 com uma nova forma de diagnóstico. Apesar de o país asiático ter conseguido controlar muito bem o crescimento da doença, isso se deu às custas de muitas restrições à circulação de pessoas e mercadorias, o que afetou fortemente sua economia. Os dados de expectativas de gerentes de compras tiveram o pior resultado da série históri-ca para o país (40,3 para o PMI Caixin/Markit) e as vendas de carros caíram 80% no mês. No entanto, com a contenção do número de novos casos, o país passou a adotar medidas de estímulo econômico e cortou os juros com o objetivo de fazer as empresas retomarem produção.

Até a metade do mês, com as notícias vindo predominante-mente da China, as bolsas brasileira, americana e diversas ou-tras permaneciam próximas aos seus níveis recordes, com boa parte dos investidores imaginando que a retomada econômica, puxada pela volta das indústrias chinesas a operação, seria em formato de V, ou seja, de forma rápida. Porém o avanço do número de casos na Coréia do Sul, Irã e principalmente na Itá-lia, aumentaram o risco de uma pandemia. Esse fato nos fez ficar mais cautelosos e aumentar o caixa do fundo para 20% no dia 26/02. O risco de outros países adotarem restrições à circu-lação de pessoas e mercadorias e a economia global desacele-rar como aconteceu com a China foi um dos motivos que nos levaram a essa decisão.

No final do mês, outros países começaram a adotar medidas de estímulo para suas economias e o presidente do BC americano dis-se que estava monitorando o Coronavírus, usaria suas ferramentas e agiria de forma apropriada, se fosse necessário (o que de fato ocorreu no dia 03/03). O quadro também levou a uma piora nas expectativas de crescimento doméstico, que já vinham mais fracas antes do surto, e alimentaram apostas em cortes adicionais na Se-lic.

O próximo mês deverá seguir com o COVID-19 em foco, principal-mente com sua evolução fora da China. Estaremos atentos aos números e fatos sobre o assunto para tentar proteger o fundo de eventuais quedas e buscar retornos consistentes quando da reto-mada econômica e dos mercados.

Vokin K2 Long Biased FIA

Comentários dos Gestores

Em fevereiro, estes foram os principais fatos ou comunicados ao merca-do das empresas dos Fundos:

PÃO DE AÇÚCAR: obteve aprovação por parte da B3 para integrar o segmento de governança do Novo Mercado, a partir de 2 de março suas ações preferenciais deixarão de ser negociadas, em função da conversão de cada ação preferencial por uma ordinária. No Novo Mercado, a em-presa pode ter somente ações ordinárias (com direito a voto) em seu capital, Tag Along de 100%, entre outras características. Este movimento é a última etapa do processo no qual a companhia vem atuando para simplificar sua estrutura de operações/societária.

GRAZZIOTIN: divulgou uma mudança em seu posicionamento jurídico referente ao processo no qual trata da não incidência do ICMS na base de cálculo da PIS/COFINS, alterando a situação de “provável” para “possível”. Desta forma, o valor provisionado no passivo, na conta de impostos contingenciados, será retirado e contabilizado na Demonstra-ção de Resultados do 4º trimestre de 2019, no valor bruto de R$ 63 milhões. A companhia ainda comunicará quando do efetivo levantamen-to dos depósitos judiciais.

CELESC: informou ao mercado os impactos do Plano de Demissão Incentivada proposto aos empregados da Celesc Distribuição S.A. Serão 230 empregados desligados (3% do quadro atual), com efeito de provi-sões em 2019 de R$ 87,2 milhões, e uma economia de R$ 48,8 milhões estimada para os próximos 5 anos. Nos últimos 12 meses até setem-bro/2019, o EBITDA IFRS foi de R$ 662,1 milhões, representando uma margem de 9,3% sobre a receita líquida (excl. receita de construção). Entre 2016 e 2019, foram desligados através do PDI 639 empregados.

SANEPAR: aprovou a emissão de R$ 350 milhões em debêntures, que serão lançadas em 15/03, destinadas exclusivamente à investidores profissionais. A Companhia encerrou o ano de 2019 com um indicador de Dívida Líquida/EBITDA de 1,4x. Com todos os recursos alocados, este índice sobe para 1,56x, composto por uma DL de R$ 3.1 bilhões e EBITDA de R$ 2.0 bilhões (últimos 12 meses).

ATACADÃO (CARREFOUR BRASIL): celebrou contrato com o Makro Atacadista S.A (“Makro”) para aquisição, pela Companhia, de 30 lojas, das quais 22 são próprias e 8 são alugadas, com um faturamento de R$ 2,8 bilhões em 2019, além de 14 postos de combustíveis operados em 17 estados brasileiros. O montante máximo da transação é de R$ 1,9 bi-lhões, e o Grupo Carrefour Brasil pretende converter a bandeira das lojas para Atacadão nos próximos 12 meses.

VALE: atualizou o mercado sobre seu plano de descaracterização das barragens (estruturas a montante), um dos principais marcos para reduzir o nível de risco da Companhia nos próximos anos. Análises aprofundadas levaram a Companhia a incluir duas barragens e três estruturas de empilhamento drenados no plano de descaracterização, o que ocasionou na provisão adicional de US$ 716 milhões. Considerando outros ajustes, o efeito líquido é de US$ 671 milhões. A Vale tam-bém divulgou seus resultados do 4T2019. A receita líquida encerrou o ano em US$ 37,5 bilhões, aumento de 2,7% em relação aos US$ 36,5 bilhões em 2018. O evento de Brumadinho teve impacto de US$ 7,4 bilhões no resultado da empresa, que apresentou prejuízo líquido de US$ 1,6 bilhões em 2019.

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